Representante do western spaghetti A morte Anda a Cavalo dará continuidade à mostra Era umavez no Oeste, que será apresentada durante o mês de junho na Vila das Artes. O filme serviu de inspiração para cineastas como Quentin Tarantino
Subestimado, o chamado “western spaghetti “ se constituiu em uma espécie de subgênero do faroeste rodados nos Estados Unidos. Surpreendentemente bastante popular em todo o mundo – sobretudo no Brasil e na Europa – onde nasceram outras personagens marcantes do western como os cowboys Tex (italiano) e Lucky Luke (belga) -, o banguê bangue à italiana, rodados predominantemente na Espanha (onde várias locações se assemelhavam ao meio oeste norte-americano), revelou cineastas de talento com Sérgio Leone (com a sua Trilogia dos Dólares, composta por Por um Punhado de Dólares/1964, Por uns Dólares Mais/1965, e Três Homens em Conflito/1966), Sérgio Sollima, Sérgio Corbucci e Duccio Tessari, entre outros).
Esse faroeste feito em terra estranha fez uma nova visão da América, principalmente ao não distinguir os seus heróis entre os bons, os maus e os feios, além de recheá-los de ironia sarcasmo, e tinham como característica histórias relativamente simples, sequências violentas e um bom elenco, às vezes contando com grandes estrelas em começo de carreira (caso da atriz italiana Claudia Cardinale e o alemão Klaus Kinski).
Se esta caracterização parece dizer tudo. Bons artistas e profissionais são capazes de tirar leite de pedra e eis um caso exemplar em A morte Anda a Cavalo (Da Uomo a Uomo, ITA, 1967). Não obstante o enredo gire em torno de um clichê consagrado nos filmes de faroeste (a vingança), o longa fez sucesso junto ao grande público por sua qualidade de produção. Ponto para a direção de Giulio Petroni, que, somada à trilha musical assinada por Enio Morricone e às atuações eficientes do elenco principal – que não se destaca, entretanto, por qualquer performance impressionante – resulta numa obra que influenciou gerações de cineastas, incluso talvez o mais célebre fã dos filmes de western spaghetti, o controverso Quentin Tarantino.
Basta ver uma das sequências do seu impagável Kill Bill (Kill Bill, EUA/JAP, 2003), onde Tarantino emprega a mesma técnica de destacar em vermelho uma das personagens que haviam acabado com a família da personagem principal - empregada em A morte Anda a Cavalo - para perceber o quanto o cinema contemporâneo é tributário dessa filmografia que marcou a história do cinema moderno e ainda hoje serve como fonte para a cultura pop e o imaginário ocidental.
O clássico do faroeste à italiana será exibido nessa sexta-feira, na Vila das Artes, dentro da mostra Era uma vez no Oeste, promovida pelo Grupo 24 Quadros, que presta, assim, tributo a um dos mais queridos e populares gêneros cinematográficos da história da sétima arte. Uma boa pedida para imergir um pouco mais no universo sempre surpreendente dos grandes filmes de entretenimento.
Ficha técnica
A Morte Anda a Cavalo (Da Umo a Uomo, ITA, 1967). Com Lee Van Cleef, John Philip Law e Carlo Piscane. Direção: Giulio Petroni. 120 minutos.
Fonte: diariodonordeste / youtube/Luiz Paulin

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